Como é meditar?

Como é meditar?

Nesse texto, Monja Coen traz uma reflexão explicando que “meditação é como entrar no mar”:

“Meditar é como entrar no mar.
No início, só percebemos as marolas à beira da praia.

Mas o mar não são apenas as marolas, embora as marolas sejam o mar.

Da mesma forma, há pensamentos-estímulos de tudo o que recebemos antes de nascer, que podem surgir em nossa mente.

Observamos.

Assim como observamos as marolas antes de entrar no mar.
Depois sentimos a água nos pés e as marolas se quebrando em nós.

Sentimos os pensamentos… Sentimentos…

Mais adiante, são as ondas que chegam.
Há mares tranquilos onde podemos nadar.
Outros onde apenas podemos pular.
Há mares quentes, mornos e frios, gelados.
Há mares verdes, azuis, dourados. Mares brancos pela luz do luar.
E a espuma, espuma do mar.

Aprendemos a nadar.

Escolhemos um grupo, uma tradição meditativa e seguimos as instruções de alguém que saiba.

Flutuamos, boiamos, batemos o pé.

Usamos boias, alguém nos segura pelas mãos.
A comunidade, chamada de sanga, as pessoas que praticam juntas.
Os sinos, os encontros, as conversas, os livros.

Aprendemos a nadar.

Ainda não podemos ir sós a praias desertas.

Vamos com outras pessoas, nos retiros, com o salva-vidas a nos observar.

Pode haver peixes no mar.
Algas-marinhas.
Pode haver tubarões e águas-vivas.
Por isso, o salva-vidas coloca avisos e nos indica o melhor lugar.
Entramos no mar, pulamos as ondas, mergulhamos por cima e por baixo da arrebentação.

Vamos mais fundo.
Há quem olhe por nós.
Se houver correntezas, cuidado.
O mar é bonito, o mar é malvado.
Arrasta pessoas como troncos quebrados.

Um dia conseguimos mergulhar bem no fundo.
Com máscara, sem máscara.
Com oxigênio e sem ar.

Mergulhamos e nos sentimos uma gota de água do mar.
Já não há um eu, uma água, uma jangada, uma bolha.
Apenas o estar presente e inteira com toda a vida.
Mas não ficamos lá.
Há ondas enormes para surfar.
É preciso saber se equilibrar.

Para a direita? Para a esquerda?

Temos, sim, de voltar. Voltar para a praia. Voltar a observar o mar. As ondas, as espumas, as marolas. Sentados na areia, pernas cruzadas. Zazen. Voltando a ser gente.

Olhando o passado, o futuro e o presente.
Com olhos verdes.
Olhos imensos.
Olhos de mar.”

(Monja Coen Roshi)

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